Das Benzeduras, 2022.
Aquarela, guache e verniz brilhante sobre papel, 20x15cm cada

Qual nossa compreensão do mundo das dores?
Das somatizações?
Das nossas marcas vividas?
Nossas manchas? Nossos cortes e cicatrizes do corpo e da alma?
Houve elaboração ou as expurgamos?
Conseguimos reescrever nossas histórias sentidas?
Redirecioná-las? Redimensioná-las?
Ou será que dizem respeito a algo indizível?
Será que são histórias feitas de momentos sigilosos e silenciosamente íntimos?
... Escutam as preses? ... Seus sussurros?

92 aquarelas que simbolizam o processo de cura das somatizações na pele da artista, realizado por benzedeiras no interior do estado de São Paulo, Campinas.
Elas utilizavam-se de rosários, orações, ramos de plantas colhidas em seus próprios jardins, caneta azul Bic, brasas e cinzas.
O tempo do “tratamento” podia variar, mas, normalmente, não passava de três dias. Sua pele de criança ficava toda desenhada com cruzes “azul Bic”, na tentativa de “cortar” suas dermatites atópicas.
Num dos jardins, de uma das benzedeiras, havia uma plantação multicolorida de Amor-perfeito. A artista acredita que essas flores também fazem parte, de forma substancial, da cura imagética refletida nessas 92 aquarelas.

Roberta Bottcher

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